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Redescobrindo a Lagoinha em BH

Wander Veroni
Criado por Wander Veroni (User Generated Content*)User Generated Content is not posted by anyone affiliated with, or on behalf of, Playbuzz.com.
em 26 de mai. de 2019
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Conhecer para proteger. Resistir para existir em meio à invasão da modernidade. Essa é a ideia que temos quando decidimos “turistar” pela cidade que vivemos, como propõe a turma do @dirolê. Neste final de semana tivemos a oportunidade de percorrer os principais pontos da região que é conhecida como o “berço de Belo Horizonte": bem vindos à Lagoinha!

Antes de começar o relato sobre o passeio, é preciso fazer um resgaste histórico importante! Para quem não sabe, a região da Lagoinha, em Belo Horizonte, é conhecida por ter sido, durante muitos anos, uma zona boêmia da cidade que era o reduto da “malandragem” por seus bares, pela riqueza cultural do samba, da variedade de clubes de futebol amador e pontos de prostituição. Mas, a Lagoinha é mais do que isso. É um lugar que vive pessoas dos mais variados tipos – muitas delas de origem italiana, árabe e africana, que trabalharam na construção da cidade.

Cine São Geraldo, no bairro da Lagoinha, na década de 1960. O local atualmente encontra-se ocupado pela estação de Metrô. Crédito: Arquivo Público.

Belo Horizonte foi inaugurada em 12 de dezembro de 1897. Porém, o seu planejamento se deu entre os anos de 1894 a 1897, por meio das mãos do engenheiro Aarão Reis. BH foi a primeira cidade moderna totalmente planejada e que dialogava com os ideais da República que ainda lutava para se firmar no imaginário popular e precisava de novos símbolos – muitos deles inspirados no iluminismo francês.

Praça Vaz de Melo, na Lagoinha, em 1960. Esta praça ficava onde hoje está parte do Complexo da Lagoinha, mais ou menos antes da Antônio Carlos. Crédito: Arquivo Público.

Com isso, Belo Horizonte foi planejada para ter a sua área urbana dentro da Avenida do Contorno, que circula toda a cidade, e deixando para as outras seções ou áreas suburbanas, o espaço destinado para os trabalhadores. Decisão essa que, nitidamente, contribui para o preconceito geográfico que existe na cidade até hoje em que as pessoas que “moram bem” estão dentro do perímetro da Avenida do Contorno e, as quem vive fora disso, são marcadas por “morar mal”, muito por conta da dificuldade de acesso, mas sobretudo pela falta de equipamentos públicos, além de acesso ao saneamento básico. Para ler a história de construção da cidade, clique aqui.

No Google Maps é possível perceber na linha vermelha quais são os limites do bairro Lagoinha, cuja região compreende um perímetro muito maior envolvendo outros bairros.

Atualmente, a região da Lagoinha compreende os bairros Lagoinha, Colégio Batista, Bonfim, Buraco Quente, Pedreira Prado Lopes, Santo André, Concórdia, São Cristóvão e Carlos Prates – além da região do baixo centro, da Rua Guaicurus e da Rodoviária. O passeio começa pela Praça 12 de Dezembro, nome que homenageia a inauguração da nossa capital, mas que não tem uma placa ou um monumento indicando essa história. O mais interessante é que a praça é cuidada pelos moradores da região que, por iniciativa própria, cuidam de toda manutenção do espaço.

A Praça 12 de Dezembro, na Lagoinha, homenageia a data de fundação de Belo Horizonte, mas não tem nenhuma placa ou monumento contando essa história.

Daniel Queiroga é um dos idealizadores do passeio pela região da Lagoinha. Ele é advogado, professor de Direito do UniBH e também idealizador do projeto @casasdalagoinha. Historiador nato, ele tem uma facilidade imensa de decorar dados e histórias de cada rua da Lagoinha. Além disso, Daniel é um ativista pela preservação do patrimônio cultural de Belo Horizonte, sobretudo do que diz respeito à arquitetura da cidade.

A região da Lagoinha está degrada pelo tempo, esquecida pelo poder público, mas resistindo com seus moradores, histórias e modo de vida, nos brindando com exemplares da arquitetura clássica, neocolonial, art déco e modernistas e sincretismos religiosos (espaços católicos, neopentecostais, religiões de matriz africana, casas espíritas e espiritualistas).

O Aglomerado Buraco Quente, no bairro Lagoinha, em Belo Horizonte, foi uma das primeiras formações de favela na capital mineira. Antigamente, era conhecida por ser um lugar de confusão por conta dos times de futebol de várzea. Os homens casados ou comprometidos que iam nesses jogos de futebol costumavam se engraçar com as mulheres desse aglomerado. E as esposas vinham brigar com as meninas, como se elas fossem as únicas culpadas pela "pulada de cerca". O quente do nome vem justamente das brigas acaloradas que aconteciam no local que possui uma arena multiuso e um campo de futebol.

Além de riquezas gastronômicas e histórias de personagens que fazem parte das histórias oficias e oficiosas da capital mineira. Nunca pensei que existissem “lugares secretos” na cidade, mas percorrendo as ruas da Lagoinha nos deparamos com preciosidades, como o melhor pão de queijo já visto na cidade e feito com queijo canastra, vendido na Padaria Flor de Lís. Também encontramos na Rua Além Paraíba, o @pratudaamazonia um restaurante especializado em gastronomia do norte do país. Um achado!

Outra preciosidade gastronômica foi o restaurante @armazem.oito, instalado em um prédio de um antigo armazém da década de 1930 que trabalha com a proposta de slow food e oferecendo uma experiência de sabores diversificados. O local trabalha apenas com reserva para um número limitado de pessoas.

A duplicação da Avenida Antônio Carlos e a construção do MOVE/BRT , que dividiram o bairro Lagoinha ao meio, promoveram uma demolição de casas, sobrados e prédios que fizeram parte da história da nossa Belo Horizonte. Nesse mesmo espaço, em busca de reconhecimento e preservação, em breve, um trecho da Rua Diamantina esquecida pela duplicação da avenida vai se tornar o "Mirante da Diamantina", com uma visão privilegiada da região da Lagoinha. Uma forma de reocupar um espaço que, até então, era usado pela criminalidade e por dependentes químicos.

Além disso, ninguém imagina que na Avenida Antônio Carlos possa existir horta urbana. Localizada na esquina das Ruas Francisco Soucasseaux e Adalberto Ferraz, o espaço funciona desde dezembro de 2017 e é mantido por moradores, comerciantes, entusiastas da recuperação de espaços públicos e pelos Hortalões da Lagoinha

De acordo com o @jacaverdepanc, na horta urbana da Lagoinha é possível encontrar de tudo, de flores comestíveis a baby melancias, além da nossa blue berry brasileira, conhecida popularmente como "Maria Pretinha".

A ideia surgiu após a palestra em Belo Horizonte de um certo alemão que trouxe o exemplo de Berlim, que vitalizou espaços urbanos degradados chamando a população para a construção de hortas urbanas coletivas. Na horta apelidada de "Quintal do Sô Antônio", encontramos feijão guandu, tomate, batata doce, temperos diversos, folhas de chás e outras sortes de flores comestíveis.

Grafite em homenagem a cantora Elza Soares, na Lagoinha.

Vista linda do mirante da Rua Adalberto Ferraz! A Lagoinha está viva, gente. Vale a pena conhecer, contribuir e preservar!

Dica de Vídeo!

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