Faixa a faixa: Carne Doce
Faixa a faixa: Carne Doce
Carne Doce
Carne Doce
"Cetapensâno"
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"É uma das primeiras do disco que ficou pronta. A ideia dela na letra é ter uma situação de um ato falho, uma situação que não ficasse bem claro se a pessoa confundiu as agressões ou se ela cometeu um equívoco e se revelou de uma outra maneira. No meio da música ela fala "Môss, cê cala essa boca/ Môss eu vô bejá sua boca", começa a trocar. A linguagem veio do coloquial das pessoas, da linguagem de internet, linguagem prática e um pouco da nossa linguagem goiana também."
"Princesa"
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"O Dinho do Boogarins mostrou essa música pra gente, uma base e parte de uma letra, e queria que eu ajudasse a completar a letra. Eu dei pra ele várias opções, acho que ele não gostou de nenhuma (risos), mas aí por dentro eu tinha a ideia dessa letra que era uma letra bem vulgar, bem cafajeste. É uma sedução, uma cantada barata e a brincadeira é que você não sabem quem fez a cantada, se é uma mulher ou se é um homem. É uma letra simples, não contém uma violência em si, mas pelo fato de você poder interpretar o personagem tanto como sendo um homem ou uma mulher, as pessoas interpretam como um assédio. Mas ao mesmo tempo pode ser simplesmente uma cantada. Era com isso que eu queria jogar.
"Sereno"
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"Não tem uma história contada nela, são recortes de lembranças, recortes nostálgicos mesmo. Porque eu realmente não tive uma infância rural, mas quase todo mundo na banda já foi em fazenda, teve uma vivência de roça, de passar um tempo ali e eu também tive isso. E eu me afastei da minha família, como a maioria das pessoas, a gente vai se afastando, perdendo o contato e os meus tios, primos, a parte mais sertaneja da família está afastada, aí eu quis escrever um pouco sobre isso. Musicalmente acho que ela tem uma pitada sertaneja, sim. Às vezes, eu fico pensando se no meu vocal em todas as música, de certa forma, não tem influência da música sertaneja, porque na minha infância eu escutei muita música sertaneja, querendo ou não eu sinto que isso deve ser refletido de alguma maneira."
"Sombra"
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"Ela é inspirada no livro "Sombra de Reis Barbudos", um livro de um autor goiano (José J. Veiga) que eu li faz um tempo e reli recentemente antes de gravar o disco e achei curioso. É um livro que flerta um pouco com o surreal, tem umas situações surreais. Tem essa coisa das pessoas começarem a voar, eu achei isso interessante, escrever isso na letra, fazer uma espécie de história, que não é bem contada, não é um personagem explicado - ela é menos didática que as outras músicas, é mais imagética. Foi a última que a gente fez e decidiu levar pro disco, a gente cogitou não colocar ela no disco porque estávamos um pouco incertos. A gente já tinha trabalhado ela e no estúdio ficamos em dúvida qual seria a melhor abordagem. E a letra eu refiz quase inteira no estúdio."
"Amiga"
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"Eu sou uma pessoa antissocial, a letra tem muito a ver comigo mesmo. Sou uma pessoa que nunca quer sair, que entra em crise no último momento, decide não sair e depois se arrepende. Essa música foi criada exatamente em um momento assim. O Mac me chamou pra sair e eu falei que não, não queria e de madrugada me arrependi e eu escrevi essa música. A letra saiu numa sentada, praticamente. Ela fala sobre esse misto de ansiedade e depressão que eu sinto que é bem comum, muita gente tem relatado coisas assim, muita gente se identifica com 'Amiga'."
"Eu Te Odeio"
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"Essa música parece que pedia pra ser mais suave. A gente sentiu que era mais bonita mesmo mais suave. É um problema nos shows porque é difícil tocar dependendo do lugar, a conversa e o ruído do lugar tampam a música e você não consegue fazer uma versão bonita."
"Carne Lab"
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"A parte que eu canto é uma letra que eu quis que ninguém entendesse direito mesmo, ela não é muito bem pensada, é como uma jam. Assim como eles tiveram a deles nessa música, eu fiz a minha jam também. Nessa música, o resto da banda já tinha mais ou menos suas partes pensadas, mas ela foi feita no estúdio ao vivo e é a única gravada totalmente ao vivo com todo mundo junto. A gente nunca imaginou que ela duraria dez minutos, foi um problema, a gente não sabia se colocava ela no disco."
"O Pai"
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"Foi uma letra inspirada, tem até uma colagem de uma frase do livro, no "Carta Ao Pai" do Kafka, que é uma carta que ele escreveu pro pai dele e nunca entregou, mas que foi publicada depois e é muito bonita. Não é uma letra que fala do meu pai ou de um pai específico, é uma letra que fala da autoridade de todos os pais, de todas as mães, de ter uma autoridade dentro de casa, uma autoridade íntima que você admira e teme, de certa forma."
"Artemísia"
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"Eu falei alguma vezes da história pessoal (que envolve a letra), mas fiquei meio assim, não sabia se eu contava exatamente porque antes de tudo, antes de querer levantar uma bandeira, eu quero fazer uma poesia forte, uma música forte, quero usar palavras fortes. Quero inclusive atingir e conquistar pessoas pela música, mesmo pessoas que não concordem com a legalização do aborto e isso tem acontecido e eu acho o máximo quando isso acontece. Mas eu também acho interessante contar porque é um assunto que ninguém confessa e que é tão comum, tão frequente e gente mais privilegiada não sofre tanto as consequências e si privilegia, de certa forma, com o silêncio, então achei interessante contar. Eu tive essa experiência e na hora de fazer a letra eu usei a abordagem que já usei em outras letras, de abraçar o assunto totalmente, sem considerar nenhum porém, sem pedir desculpa, sem considerar os problemas todos que existem em defender uma ideia. Abracei a ideia do meu corpo, minhas regras totalmente, mais pra ver o que acontece quando a gente abraça isso totalmente do que pra defender essa ideia politicamente, didaticamente, intelectualmente."
"Falo"
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"Tem muita gente que fala de "Falo" como se ela tivesse virado um hino, "todas pessoas deveriam escutar ela". Assim como as outras, acho que ela não abarca todos os problemas do feminismo, não acho que ela é um hino feminista. Ela é um desabafo desmedido, tem uma certa dose de ira, de violência, ela não é totalmente justa, é uma raiva assim que a pessoa extrapolou e soltou ali. É um desejo de vingança mais que um desejo de justiça, é isso que eu acho divertido nela. Não que ela seja um hino, mas que ela seja uma revolta, que dê raiva."
"Açaí"
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"É um pouco sobre procrastinar, sobre se sentir culpado de ser artista, sobre se sentir meio vagabundo de ser artista. Tem esse dilema de arrumar um trabalho de verdade ou continuar insistindo em ter banda e etc. De certa forma, é uma celebração disso porque assumir isso é meio ridículo, mas do jeito que é feito na música é como se fosse 'ah, foda-se, sou isso mesmo'."