Crimes baseados em filmes

De vampiros bonzinhos que protegem suas namoradas humanas esta história nada tem, muito pelo contrário.

Estados Unidos, 17 de novembro de 1994: Daniel Sterling e sua namorada, Lisa Stellwagen, assistiram ao filme baseado no livro homônimo de Anne Rice. Porém, durante a noite, Stellwagen acordou e encontrou o parceiro encarando-a. Ao perguntar o que havia de errado, Daniel respondeu “eu vou te matar e beber seu sangue”. Mais tarde, Sterling esfaqueou a namorada sete vezes e bebeu seu sangue por meio das feridas. Ele foi condenado por tentativa de homicídio e, apesar de não culpar o filme por suas ações, disse que ele certamente o influenciou.

Daniel Gonzalez queria saber como era ser, pelo menos por um dia, Freddy Kruger. Então em 2004, o britânico esfaqueou e matou quatro pessoas, além de tentar assassinar outras duas. Gonzalez admitiu que seu plano era se tornar um serial killer famoso. No julgamento, a defesa dele tentou apresentá-lo como doente mental, porém essa versão não foi aceita. Daniel Gonzalez foi condenado a prisão perpétua e se suicidou na prisão em 2006.

A ultraviolência de Alex DeLarge inspirou muito mais do que fantasias para festas. As cenas gráficas do filme inspirado no livro de Anthony Burgess são acusadas de terem influenciado diferentes crimes. Um deles seria o estupro coletivo de uma holandesa de 17 anos, em Lancashire, na Inlgaterra. De acordo com a polícia, o crime se deu ao som de Singin' in the Rain, entoado pelos membros da gangue, assim como ocorre em uma das cenas mais marcantes do filme de Stanley Kubrick.

Ao tentar recriar um Clube da Luta, Kyle Shaw de cara já quebrou a primeira regra.

O “pupilo” de Tyler Durden teve a brilhante ideia (só que não) de recriar um Clube da Luta nos moldes do grupo retratado no romance de Chuck Palahniuk. Em 2009, Shaw, de 17 anos, planejou ataques na semana do Memorial Day, feriado nacional em memória aos americanos que morreram em combate. Bombas caseiras foram colocadas em diferentes locais, incluindo uma loja da Starbucks, no Upper East Side, para tentar destruir as corporações americanas, assim como retratado no longa de 1999. Kyle Shaw não foi o único a tentar criar um Clube da Luta, mas seu caso foi um dos mais radicais.

"Viva ou morra. A escolha é sua."

Uma mãe de Salt Lake City escolheu a primeira opção ao denunciar o filho e um amigo à polícia após ouvir conversas em que os dois estariam planejando sequestrar, torturar e matar pessoas, baseando-se nos jogos sádicos de Jogos Mortais. A dupla, que tinha entre 14 e 15 anos, contou à polícia que tinha a intenção de “dar uma lição” nas pessoas que julgavam prejudicar outras, utilizando a mesma tática que o protagonista Jigsaw. Eles teriam adquirido máquina fotográfica para documentar o “jogo”.

Dos quadrinhos de Frank Miller para as telas dos cinema e para trás das celas.

A narrativa do policial ciborgue inspirou o primeiro homicídio de Nathaniel White. Em março de 1991, o assassino em série cortou a garganta de Juliana R. Frank, na época com 29 anos e grávida de seu terceiro filho. Em seguida, fez outro corte, desta vez do peito ao estômago, assim como acontece em uma das mortes do filme futurista dirigido por Irvin Kershner. White confessou ter assassinado outras cinco mulheres.

Com cabelos pintados de laranja e gritando “eu sou o Coringa”, James Holmes matou 12 pessoas na sessão de estreia de Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge, em 2012. O crime ocorreu na madrugada de 20 de julho, em um cinema na cidade de Aurora, no Estado americano do Colorado. Fortemente armado e vestindo roupas à prova de bala, Holmes jogou bombas de gás na sala de cinema e atirou aleatoriamente contra a plateia. Outras 58 pessoas ficaram feridas.

Icônico para o terror, o filme também serviu de inspiração para paródias e fantasias de Halloween. Não só isso, mas também pôde ser usado como um manual de crimes, assim afirmou um juiz americano. O longa de Wes Craven deu base a uma série de assassinatos, entre eles o da belga Alisson Cambier.

A adolescente de 15 anos foi vítima do caminhoneiro Thierry Jaradin, 24, quando foi até sua casa para trocar algumas fitas de vídeo. Ao recusar as investidas de Jaradin, Cambier foi surpreendida com uma resposta brutal. Primeiro, o assassino se desculpou por suas atitudes invasivas e, em seguida, vestiu a fantasia de Ghostface e a esfaqueou 30 vezes, da mesma forma que o assassinato que abre o longa de 1996. Jaradin confessou à polícia que o crime foi premeditado e influenciado pela trilogia.

Em um roteiro alucinado e assustadoramente real, John W. Hinckley Jr. misturou um amor obsessivo por Jodie Foster com a tentativa de homicídio do então presidente norte-americano Ronald Regan.

Em 30 de março de 1981, Hinckley atirou seis vezes contra o presidente enquanto ele saía de um hotel. O político ficou ferido ao ser atingido por uma bala, mas seu assessor levou um tiro na cabeça. O motivo do crime? John W. Hinckley Jr teria ficado obcecado com a atriz Jodie Foster e queria provar seu amor a ela. Na trama, Travis Bickle (Robert De Niro) tenta tirar Iris (Foster) da prostituição, além de tentar matar um senador que busca se eleger como presidente. Soa familiar? Hinckley não foi considerado culpado por alegações de que teria distúrbios mentais. Em uma carta, ele diz que destruiu a própria vida em uma das “maiores provas de amor do mundo”.

O filme baseado em uma história real e dirigido por Oliver Stone, que tem como peça central o casal Mickey e Mallory Knox, inspirou uma série de crimes. Entre os mais famosos, está o tiroteio no colégio de Columbine, em 1999. Nos anuários dos atiradores Eric Harris e Dylan Klebold foram encontradas frases como “a manhã sagrada de NBK” (sigla em inglês para Assassinos por Natureza), referindo-se ao 20 de abril, dia do massacre que matou 12 estudantes e um professor.