Praça de Londres

Um quiosque com esplanada que tem wi-fi, tem batidos, tem saladas, tem sandes, tem cocktails, tem menus de lanche a quatro euros e gelados a 2,5 euros (são caros, mas são bons, feitos com polpa de fruta). Também tem empregados simpáticos e uma sombra apetecível das árvores junto ao parque infantil perto da Igreja de São João de Deus. Pertence ao mesmo Banana Café do restaurante nas docas de Alcântara e dos quiosques na Avenida da Liberdade e na Praça do Município.

Colado ao bairro social do Arco do Cego, o segredo mais bem guardado da Praça de Londres já abriu há três anos. Cá fora tem uma esplanada onde senta trinta pessoas, junto ao relvado à esquerda da Igreja de São João de Deus. Lá dentro tem mesas de madeira corrida, almotolias, balanças, braseiras e garrafas antigas penduradas nas paredes de pedra. Mas o que interessa ali são os hambúrgueres. Deliciosos. E os ovos de codorniz estrelados. E a maionese de abacate. E o molho de coentros...

Chocolate preto, chocolate e morango são os sabores com mais saída nos copos e nos cones. Mas o clássico que continua a levar clientes de propósito à geladaria junto ao Instituto Superior Técnico é o Crepe da Casa, com duas bolas de gelado, chocolate quente e chantilly panna (salgado). Fazem gelados à moda antiga, com paciência e saber, e até o mestre responsável pelas receitas originais de 1978 garante que «já nem em Itália facciamo così». O velho Pepe Mazzocca continua a visitar a Surf de tempos a tempos – e tem direito a uma taça com o seu nome.

Inaugurada em 1946, ampliada em 1962, reaberta em dezembro de 2015, depois de quatro meses de obras e 14 de embargo – devido ao estatuto de Monumento de Interesse Público, por ser um perfeito exemplo do modernismo em Portugal. O novo gerente garante que não aumentou preços, está empenhado em apagar a imagem de empregados pouco simpáticos e quer reduzir o passivo. Na esplanada mantém o cauteleiro e engraxador. No salão de chá mantém o icónico sol de cerâmica criado por Querubim Lapa e o viveiro de periquitos. Na frequência mantém os betos, os clientes de décadas e o estatuto de clássico.

É uma microbiblioteca. Micro porque está dentro de uma antiga cabina telefónica. Biblioteca porque está cheia de livros. Só não dá para ler no local porque não há espaço. Os leitores podem servir-se à vontade, com uma condição: deixar outro livro em troca. Sai um, entra outro. Há seis no país, resultam de uma parceria entre a Fundação PT e as autarquias locais.

Cerca de 250 variedades de chás e infusões, para experimentar à mesa, na esplanada ou... em casa. Tudo o que se vende em chávenas ao balcão vende-se também a peso para levar. Cem gramas rondam os oito a nove euros, mas o mais caro (Jasmine Dragon Pearl, enrolado à mão) vem da China e custa 24. Japão, Índia, Indonésia, Quénia, Sri Lanka ou África do Sul são outras das proveniências. Sugestão para estes dias de canícula: chá frio de casca de limão, erva-príncipe, pedaços de ananás, menta e alcaçuz.

Também servem refeições ligeiras, sopas, saladas, tartes, cheesecakes, brownies – e um bolo red velvet do outro mundo –, mas o bagel é que mais ordena aqui. O pão que parece um donut, em forma de anel, primeiro cozido e depois assado e com uma massa meio elástica, é um clássico de Nova Iorque, mas Joseph Gomes trouxe a receita destes do Canadá, onde nasceu. Sementes de papoila, de sésamo, integral com mel, nozes, passas e mel, canela e passas, pepitas de chocolate ou alho são alguns dos sabores.