Manual Feminista de Como Tratar Uma Cosplayer

Tudo começa com uma regra básica: lembrar que é uma pessoa por baixo da fantasia.

Mundo Estranho
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em 28 de nov. de 2016
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Saiba o que é assédio sexual

É ter qualquer tipo de contato sexual com uma pessoa sem o consentimento dela. Ou seja: encarar ou fotografar as partes íntimas da moça, dar cantadas, falar de forma sexual, morder, arranhar, beijar, agarrar, fazer poses e movimentos sexuais, e por aí vai. A regra é básica: se você tiver dúvidas se pode ou não interagir com a cosplayer de certa maneira, pergunte a ela primeiro.

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Lembre-se: existe alguém debaixo da fantasia

Essa dica vai te ajudar no resto do manual (e também pela vida afora). É legal ter na cabeça que as cosplayers são pessoas, assim como você. Elas têm sentimentos: sentem medo, vergonha, dor e humilhação; se sentem mal e sofrem quando as pessoas fazem coisas ruins com elas. Além disso, elas também têm direito de curtir a CCXP sem estresse.

"Jamais confunda personagem com a pessoa ali. Por mais devassa que seja a personagem, use a inteligência e trate a cosplayer como o ser humano que é", aconselha Rebeka Kitsune, cosplayer.

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Pouca roupa não é convite

A mulher (e o homem) tem o direito de se vestir como quiser. Não são as roupas que provocam um abuso, e sim a falta de limites e de respeito do abusador. Se fosse o contrário, não existiriam abusos ou estupros em países onde as mulheres andam cobertas da cabeça aos pés, né? E considerando que a grande maioria das personagens femininas do mundo nerd têm roupas curtas, coladas e/ou decotadas, realmente fica difícil fazer cosplay sem mostrar o corpo de alguma forma.

Às vezes, o assédio acontece até quando não há nada a mostra. “É muito comum com quem se fantasia de Ravena [dos Jovens Titãs], por exemplo: os homens se juntam, ficam seguindo a garota e assim que ela inclina o corpo para frente, um puxa a capa e o outro fotografa [a calcinha]”, diz Deborah Boller Grimm, que faz sala temática e conversa muito com as cosplayers.

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Peça permissão para qualquer interação

Não é porque a moça está vestida como a sua personagem favorita que você automaticamente tem permissão para tocar no corpo dela, para ficar perto demais ou para fotografá-la de surpresa. Fora que muitas estão usando roupas que tornam o movimento complicado (perucas enormes, asas falsas, salto alto…), que torna ainda mais difícil se defender de uma “brincadeira” mal-intencionada (que na verdade, é crime).

Além disso, muitas fantasias são delicadas, então tocar sem cuidado pode danificar meses de trabalho, como conta a cosplayer Patricia Lucas: “Uma vez, eu estava de Tempestade [dos X-Men] e as pessoas chegavam e puxavam minha peruca. Isso estragou minha fantasia”.

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Sem xaveco!

Pode até ser que você seja apaixonado pela personagem que a cosplayer está representando. E pode ser que a modelo esteja mesmo bem parecida com a tal personagem. Mas, de novo, as cosplayers são pessoas – assim como você. Paquerá-las de um jeito invasivo, fazer piadas de cunho sexual ou assediá-las verbalmente chamando de "cosputa" não é legal.

Agora, se você gostou da moça e quer muito, muito mesmo, conversar com ela, que tal puxar papo dizendo o seu nome, compartilhando a paixão que você sente pela personagem ou perguntando sobre as horas de trabalho que ela levou fazendo a fantasia? “Ser desrespeitada é uma situação horrível e assustadora”, conta Patricia Lucas. “Se um cara te dá mole e você diz não, ele fala logo que você deve ser lésbica, já que está na Comic-Con e não quer ficar com ele”.

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Seja respeitoso na hora da foto

A foto é o momento mais emocionante para muitos fãs, ainda mais quando o cosplay é maravilhoso. Mas também tem suas dicas de etiqueta. Deborah Boller Grimm separou algumas delas:

- Se quiser tirar foto encostando ou abraçando, peça permissão
- Olhe para a câmera em vez de ficar vidrado no decote
- Não tire fotos das partes íntimas, do decote ou da bunda (ou com foco nessas áreas)
- Evite poses com conotação sexual e o toque em áreas próximas aos seios, bunda etc.
- Vai postar no Instagram? Cite o nome da cosplayer ou sua conta nessa rede social, se ela permitir. Assim, você dá o devido crédito e ajuda a divulgar o trabalho dela

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Sem papo chato de "você é poser"

É difícil admitir que há pessoas tão fãs de uma série quanto você. Mas elas existem, sim, e muitas são mulheres – e algumas fazem cosplay. Chamá-las de "poser" é mal educado, porque desrespeita a paixão dessas pessoas pelo que fazem. Além disso, é uma forma de preconceito: como você pode dizer isso de alguém que você nem conhece direito?

“É muito chato alguém vir e dizer que você não sabe nada sobre a personagem. E geralmente a frase seguinte é: ‘você só quer chamar atenção dos caras’”, diz Julia Martins, cosplayer. Rebeka Kitsune, que também vive no meio, concorda: “Sou cosplayer há 18 anos e quando sou chamada para ser juíza de concursos [de cosplay], ainda tenho que ouvir que não tenho competência”.

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Guarde suas críticas para si

Você tem todo o direito de não gostar de uma determinada fantasia. E pode até achar que algum detalhe ficaria melhor de outro jeito. Mas é muito indelicado chegar falando mal da roupa, porque geralmente a pessoa se esforçou bastante e levou um tempão para criá-la.

“Não adianta achar que cosplayer tem o dever de ser igual ao gibi ou ao jogo, porque cada um sabe as dificuldades e limitações, inclusive financeiras, na hora de fazer a fantasia”, aconselha Thalita de Lima, cosplayer.

Também é desagradável desqualificar a cosplayer porque ela não “parece” o personagem – seja por que não tem o mesmo gênero, a mesma etnia ou o mesmo tipo de corpo. “Nunca critique um cosplay pelo biótipo ou pela cor da pessoa. Todos têm o direito de se divertir, assim como você. Se você não gostou, guarde pra você e siga a vida”, explica Patricia Lucas

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