Colin Farrell sobre "Animais Fantásticos": "Vilão? Quem disse que sou o vilão?"

Não, de jeito nenhum. Próxima pergunta! [Risos] Eu interpreto um personagem chamado Percival Graves que é o chefe da segurança do Congresso Mágico dos EUA, o órgão que supervisiona toda a população mágica no país. O Congresso é um ponto de encontro de pessoas de várias comunidades ao redor do mundo.

"Vilão"? Como você ousa! [Risos] Como você é julgador! Não, não, ele é um cara legal. O tipo de cara com quem você tomaria uma cerveja, comeria umas asinhas de frango.

Como a maioria dos outros projetos. Recebi uma ligação do meu agente e ele contou que estavam produzindo este filme. Eu sempre tive certo desejo de fazer parte desse mundo, ou de qualquer mundo que é tão lindamente imaginado como este. Fazer parte de qualquer história que, embora seja sobre fantasia e escapismo, também seja tão respeitadora das emoções humanas, como os filmes de "Harry Potter" são.

O telefone ligou e me disseram que J.K. Rowling tinha escrito seu primeiro roteiro original. Aí conversei com [o diretor] David Yates, e ele era tão brilhante, tão entusiasmado e tão convincente. E foi isso. Li o script e me senti honrado de fazer parte disso.

Eles foram incríveis porque quase foram como a mesma experiência do filme "Boyhood", mas dividida em oito pedaços. Foi maravilhoso ver essas pessoas crescerem ao longo de quase 15 anos. E você pode vê-los amadurecer e criar relacionamentos entre eles. Há poucos filmes que, quando estão passando na TV, não consigo desligá-la, porque são tão reconfortantes - e os filmes de Harry Potter realmente são alguns destes.

É um mundo tão bonito e imersivo!

[Gaguejando] Eu não... eu não tenho um favorito

Não, não é. Me pergunte qual minhas músicas favoritas e vou te dizer. Mas realmente não tenho um filme da saga favorito. Eles todos meio que se misturam, para mim. Não consigo te dizer o que acontece em cada um separadamente. Acho que vi "O Prisioneiro de Azkaban" duas vezes. Vi a primeira metade de "A Ordem da Fênix" uma vez; a outra metade, umas três vezes. Já vi todos eles inteiro, e aos pedaços, e de todos os jeitos!

Não. Minha irmã cuidou disso! [Risos]

Não, mas minha sobrinha ficou muito feliz quando soube que eu fui escalado e teria uma varinha!

Nem tanto. Você pode ser proativo para muitas coisas na vida, mas na maior parte do tempo, como ator, você está esperando o telefone tocar. E você poder falar com um diretor, conhecer a ideia dele em pré-produção, ver o que ele imagina, pedir para seu agente marcar um encontro com ele. Ou então você estar na lista de atores que o próprio produtor quer para o filme. Então não tenho muito uma trajetória. Só gosto de personagens bem variados. Nem consigo te dizer em quais desses filmes fico mais à vontade... O orçamento inteiro de "A Lagosta", se bobear, equivalia a só o gasto com comida para a equipe de "Animais Fantásticos".

Hum... é estranho. Como ator, você não experimenta o "gênero" do filme em que está atuando como algo objetivo. Você simplesmente lida com as emoções do personagem. Então, às vezes, o público percebe a diferença entre os gêneros dos filmes, mas o ator que está em ambos, não.

Imaginação.

A minha, a dela, a de Yates. E também a da equipe de design de produção, e das pessoas espetaculares que trabalham com figurino, maquiagem, cenário. Foram sets incríveis, incríveis mesmo, no qual vivemos por seis meses enquanto filmávamos. Então muito do que tivemos que fazer foi prático, ali, na hora. Mesmo com os efeitos especiais. Tudo com o que precisávamos interagir estava ali, na hora, fisicamente. E o roteiro foi bem descritivo, também ajudou.

[Risos] Acho que eu estava um pouco perdido em "Alexandre" [o problemático filme de 2004 sobre Alexandre, O Grande, que se tornou um fracasso de bilheteria e crítica]. Mas, enfim, de certa maneira, sempre que você passar oito horas gritando contra o vento, você vai ficar um pouco maluco depois. Mesmo que seja tudo faz-de-conta, interpretação, imaginação. Sensações e emoções vão vir à tona e você simplesmente precisa ficar um pouco de lado.

Olha, quando você está vendo o trailer e entra aquelas primeiras notas músicas do tema de "Harry Potter"... não é maravilhoso? [Risos] Eu tenho 40 anos e ainda me sinto emocionado. Tudo se resume a isso: torcer para que as pessoas se emocionem com o filme. Alguns projetos a gente faz pra provocar, outros para discutir questões sociais e outros para oferecer escapismo e entretenimento.