Rua 23, Espinho

É uma loja antiga, numa esquina, a dois passos do mar, que vende artesanato, como galos de Barcelos, e toda a parafernália necessária para pescar. Canas de pesca, carretos, chumbos, iscos, fio, baldes para isco, tudo o que é preciso para uma pescaria. António Gonçalves Ramos tem a porta aberta há mais de 40 anos e vende também fatos de surf, para-ventos, cadeiras de praia às riscas.

A porta está na rua ao lado, a 6, mas a entrada faz-se pela Rua 23. É uma hamburgueria pouco tradicional e percebe-se logo porquê. No menu, há hambúrguer de bacalhau, de alheira panada, de novilho, de frango crocante, de beringela. Hambúrguer envolto em massa de piza, hambúrguer com molho de francesinha. Todos servidos com batatas fritas. A acompanhar há sangria feita na hora ou uma apurada seleção de vinhos. As sobremesas são em ponto pequeno, a dose certa para não estragar a linha. Uma hamburgueria que parece uma sala de estar, menu e almofadas ao estilo vintage, música ambiente.

O peixe fresco está mergulhado em gelo à entrada. O espaço tem duas salas, fotografias de Espinho de outros tempos, e a cozinha é tradicional portuguesa. Com o mar à porta, peixe e marisco comandam as operações. Caldeirada à pescador sai com frequência, misto de carapauzinhos e sardinha também entra no menu, tal como sável, lampreia, mariscos, bacalhau, polvo. «Temos peixe fresco todos os dias», garante Filipe Silva, filho do senhor Armando, dono da casa, a laborar desde 1954. Também há carne, ao sábado há cozido à portuguesa e ao domingo vitela e cabrito assado na telha.

A montra em movimento, tão delicada e pensada ao detalhe, é o primeiro ponto de atenção. Lá dentro, um mundo de perdição para quem não resiste ao chocolate. Macarons coloridos, brigadeiros, bombons, bolos de chocolate, éclairs e croissants franceses, amêndoas de iogurte com framboesas e limão ou de raiz de beterraba. É um sonho tornado realidade do casal Mónica Lopes e Pedro Lopes. Um espaço dedicado ao chocolate e onde também há chás e serviço de snack. O nome é francês porque o conhecimento veio de Paris, onde Pedro e Mónica foram absorver doces conhecimentos.

Está encostado ao mercado municipal, tem esplanada, lá dentro o espaço não abunda e é bonito. Produtos tradicionais, fabrico próprio, sopa do dia a 1 euro, deliciosas bolachas de manteiga e amêndoa, chás do cantinho das aromáticas, compotas e marmeladas, licores de fabrico artesanal à disposição do cliente que tem também serviço de snack e bolos caseiros. Tudo pelas mãos do casal Elisabete Madureira e Carlos Martins

Às quintas-feiras, Maximino mete-se na carrinha e vai ao Sabugueiro, sua terra natal, buscar os produtos mais típicos da serra da Estrela. Enche a bagageira e deixa a serra em direção ao mar. Numa terra de praia, a loja está apinhada de comidas, bebidas, roupas, artesanato, tudo o que há na região serrana. Presuntos, azeites, licores, queijos, salpicões, torresmos. Chinelos e botas com pelo, capas de burel, luvas, camisolas e casacos com tranças de lã. Se há na Torre da Estrela, também há em Espinho. Tudo genuíno.

Há 40 anos que Adriano Henriques e a mulher Duartina Leite têm a casa aberta. É um restaurante familiar e o peixe é rei e senhor. Fanecas fritas, raia cozida ou frita, carapaus, pescada, marmotinhas, robalinho frito, arroz de polvo. Aos domingos, há tripas, cozido e vitela e a ementa de carne é composta por picanha, bife na caçarola e fêveras. O pudim de pão e o bolo de bolacha, de receita antiga, são sobremesas apreciadas.

Na montra, corações, nuvens, estrelas e luas feitas de tecido. Lá dentro, livros infantis, ilustrações originais, paredes cor de laranja. É uma livraria para um público infanto-juvenil, entre os 9 e os 13 anos, com um gabinete de arquitetura ao lado. A livraria está sempre em cima das novidades, investe na qualidade literária a pensar nos mais novos, vai às escolas e leva autores consigo, organiza workshops e feiras do livro, seleciona obras para um público mais adulto. Eugénia Tavares tem formação livreira e trata de tudo.

A montra desenhada e com tons amarelo-torrado é obra de Ana Luísa, designer de interiores. A mãe Rosário Feitas dá uma ajuda no serviço. Não havia crepes na cidade e Ana, faz dois anos, resolveu a questão. Numa sala acolhedora, fá-los salgados e doces. Crepes de húmus, espinafres, alheira, presunto, cogumelos. E crepes doces com creme de ovos, doce de leite, fruta e Nutella, açúcar, canela e mel. O cliente pode ainda pedir o seu crepe pequeno ou grande com os ingredientes que quiser. Na ementa, há também batidos e sumos naturais.

Há meio ano, Sónia Rodrigues abriu esta «taberna um bocadinho mais moderna». O conceito é de petiscos e tapas numa sala que respira. Tem tortilha do dia e conservas de sardinhas, polvo, lulas recheadas. Tem iscas de fígado com cebolada, pataniscas de bacalhau, moelas, ovos rotos, sopa de peixe, mexilhão de escabeche, folhado de queijo de cabra com compota de framboesa, carpaccio de salmão, cogumelos recheados. Ao sábado, Sónia acrescenta papas de sarrabulho à ementa.