Rua Ponte de Lima

A estátua de homenagem ao touro bravo foi inaugurada em 2008 e ali colocada por ser junto à igreja matriz que começa a famosa (e não totalmente consensual) corrida tradicional limiana, a Vaca das Cordas. O touro é ali preso e leva um banho de vinho tinto da região para depois ser levado a dar três voltas ao templo e depois conduzido até ao areal, onde se fazem pegas espontâneas.

Existe desde 1710, estando agora a cargo de Manuel Pimenta, que juntamente com a irmã, que gere outra farmácia na vila, compõe a mais jovem geração de uma família de farmacêuticos. A fachada e as arcadas em pedra do interior ainda são as da fundação deste estabelecimento que pertencia ao antigo hospital, que foi literalmente cortado a meio para ser rasgada a rua até à beira rio.

Vale bem a pena entrar nesta bonita igreja de traço românico, que adquiriu depois feições de outros estilos, mercê de remodelações e acrescentos. Começou por ser uma igreja de nave única quando foi constuída, nos séculos XII e XII, e é essa a primeira imagem que dela temos, ao entrar. O altar principal é despojado, sendo por isso com alguma surpresa que se encaram os dois altares laterais ricos em talha dourada, fruto de uma obra do século XVI.

Fica numa pequena rua ao lado da Cardeal Saraiva esta que foi a primeira casa com fabric próprio de bolos de Ponte de Lima, a abrir como Padaria Central, por João da Costa Villar, em 1906. Na altura, noticiou-se a nova casa dedicada ao fabrico de “pão de luxo e doces para chá”. Com um longo balcão, o espaço mantém alguns, poucos, traços da época e vale sobretudo pela simpatia castiça das suas funcionárias e por alguns doces, como os Caprichos do Cardeal, pequeninas delícias de gemas e açúcar glacé. Está aberta todos os dias, das 8h às 19h.

O nome da relojoaria é do pai e é o filho, também David, quem continuou a delicada arte desta família de relojeiros com origem em Barcelos. David, o filho, segura a casa fundada em 1929 há 46 anos, entre consertos e venda de peças raras. Lá dentro, entre a profusão de relógios, encontram-se relíquias com quase 100 anos, incluindo o relógio de parede que foi considerado muitos anos «o relógio mais certo de Ponte de Lima» - toda a gente ia acertar os seus ponteiros por ele.

A casa, de traço elegante de inícios do século XX, começou por ser uma loja de fazendas, depois passou a mercearia e os descendentes desses merceeiros transformaram-na há sete anos em cafetaria e guest house. É um lugar acolhedor, que enaltece a traça original do edifício e o passado de mercearia, que serve bolos caseiros e almoços ligeiros durante a semana. Ao sábado, há muitos petiscos e ainda mais bolos, destacando-se o bolo de agrião. Abre todos os dias, menos ao domingo, das 12h00 às 18h30.

Uma placa na fachada branca indica ter sido ali que nasceu a eminência limiana que deu nome à rua e mereceu, metros abaixo, honras de uma grande estátua de bronze. Francisco Manuel Justiniano Saraiva (1766 – 1845), ingressou cedo (aos 14 anos) na vida eclesiástica e tornou-se Cardeal Saraiva, foi bispo de Coimbra e o oitavo Patriarca de Lisboa, decorrendo entre estes dois apostolados a sua ligação ao liberalismo, pelo qual se bateu.

Desde 1920 que destas portadas abertas sobre a rua sai um pouco de tudo o que é preciso para a serventia de uma casa e da lavoura. Solas e cabedais, colas, tubos e outros materiais, sementes e adubos, mercearia e vinhos. Ainda hoje é um pouco assim, com Manuel Sá Teixeira, com uns escorreitos 78 anos e ali a trabalhar desde os 20 anos, a manter a loja em irrepreensível organização e asseio.